Cultura cigana é feita de veracidade, respeito e seriedade. Não somente de um figurino que se veste para apresentar determinada peça. Eu sei do que estou falando, e vejo muitos se julgarem, se classificarem, se dizerem "ciganos"! Mas, no seu dia-a-dia os seus atos, suas condutas, sua postura, não provém de um cigano verídico. Não basta vestir uma roupa, dançar uma música cigana, para aumentar os seus egos... Mas, um cigano verídico valoriza quem lhe apoia, respeita quem lhe considera e cultiva o maior de todos os mandamentos de nossa cultura: a fidelidade entre os mesmos, a união e o amor.
Portanto, quando morre uma pessoa do convívio, todos se juntam e dão apoio moral, emocional, espiritual e até mesmo financeiro. É isso que eu, Pépe Romani, faço, e vou continuar fazendo. Mas, o que mais me indigna é muitos usarem as roupas ciganas e, por motivos banais, retirarem-se, afastarem-se, excluírem-se... Isso não é atitude de um cigano. Cigano está lado a lado. Passou por muitos trabalhos, dificuldades, mas continuam unidos. Só quem realmente vive a cultura cigana num palco representativo não consegue viver esses ideais que realmente nós ciganos vivemos.
A falta de consideração para um cigano é a pior coisa. Mostra quando a pessoa faz isto, não é confiável para nós. Ou está na luta conosco ou não está. Então, antes de dizerem "sou cigano", procurem estudar, viver pelo menos um pouco a cultura. Mas, séria, não de fachada, não de brincadeira, porque, para os ciganos de sangue, essas palhaçadas com a nossa cultura já estão ficando insuportáveis.
Até mesmo a Embaixada Cigana no Brasil (muito bem conduzida por Nicolas Ramanush) em seu site oficial já falou dessa tendência de grupos religiosos se aproveitarem da cultura cigana em suas entidades para representar um reflexo distorcido do que realmente é o povo cigano.
Peço a todos que me conhecem, que sabem minha trajetória, de levar a minha cultura, a nossa cultura, seriamente, que cuidem bem aonde vão. Não só porque tem uma bandeira cigana, mas procurem ver se estas pessoas vivem como irmandade cigana.
Desde já agradeço a todos pelo carinho por onde ando e passo e deixo este texto para que vocês vejam e observem mais sobre esta cultura milenar que sofre muitos preconceitos por causa destas palhaçadas que fazem com a mesma.
O pior é sofrer preconceito exatamente de quem pretende cultuar a cultura cigana, sem ser parte sanguínea dela. Uma contradição. Se você cultua povo cigano, não ficaria feliz em ter ciganos de sangue próximos? Pois é, tem gente por aí que cultua entidades ciganas e parece ter medo que quando um cigano legítimo se aproxima perceba a falcatrua!
Optchá!
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